Anoitecia em Belo Horizonte, era domingo e eu dobrava uma esquina do Palácio das Artes. Ar de boba, saco de pipoca na mão, eu aproveitava as férias. Foi então que eu vi. Assim, de repente. Sob o recuo de um edifício pálido, sujo, um mendigo deitado de barriga pra cima recebia um beijo da namorada. Também mendiga (...) Tive apenas o tempo de espantar com o meu espanto: ora, então eu achava que mendigos não amam ?
Acha que os mendigos não amam, achar sem querer achar, achar sem parar para pensar que é isso mesmo que a gente acha ..
''Eles são diferentes'' a gente pensa, sem pensar que pensa. ''Eles não amam'' .
Nós acreditamos, sem admitir que acreditamos, que alguém que se encontra jogado ao abandono, no fundo, no fundo, não é igual a nós.
E porque acreditamos que mendigos não amam, nenhum de nós é capaz de amá-los .
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